No artigo desta semana optei por dar continuidade ao tema abordado na semana passada: “Felicidade”. Só que desta vez, disponibilizando um resumo da entrevista que assisti em 23.04 do Henrique Bueno com Tal Bem-Shahar, doutor em Psicologia e Filosofia pela universidade de Harvard, onde foi professor por 25 anos.
A entrevista foi baseada no modelo SPIRE de Felicidade criado por Tal Bem Shahar. Segundo ele existe um paradoxo da Felicidade. Pesquisas apontam que as pessoas que buscam incessantemente serem felizes, tendem a ser menos felizes.
Foi com o intuito de trabalhar este paradoxo que ele criou este modelo. Como uma forma de buscar a felicidade de maneira indireta, por meio de pequenas ações em diferentes aspectos de nossas vidas
O modelo SPIRE é utilizado na Psicologia Positiva e abrange o bem estar espiritual, físico, intelectual, relacional e emocional.
Se buscarmos praticar ações para cada um desses aspectos no nosso dia a dia, acabamos indiretamente cultivando a Felicidade.
O que fazer com este rio de emoções que estamos vivendo?
Resposta Tal Ben Shahar: É importante acolher e aceitá-las, precisamos nos dar permissão para vivê-las. Quando as rejeitamos, ao invés de passar, elas ficarão e crescerão e as consequências serão mais duradouras.
Precisamos nos atentar para o básico, fazer exercícios físicos regulares que libera substâncias químicas no nosso organismo que nos faz sentir bem.
É importante também expressar gratidão. podemos adquirir a prática de escrever diariamente 03 coisas as quais somos gratos.
Assim nos tornamos menos pessimista, mais resiliente e com mais esperança.
Felicidade é genético ou pode ser aprendido?
Resposta Tal Ben Shahar: Felicidade é genético, mas também pode ser aprendido,
Sou uma prova viva pois não nasci feliz, aprendi a ser. A diferença é quem nasce feliz já parte de um lugar mais avançado do que quem não nasceu, que precisará fazer mais esforço para elevar o nível de felicidade.
Existem escolhas que podem facilitar:
1. Dar ao invés de só receber. Ajudar outras pessoas a serem felizes. Ele citou Anne Frank que disse que sempre podemos doar algo, mesmo que seja só a gentileza.
2. Meditação regular – Ajuda muito. É melhor se dedicar 05 minutos todos os dias do que 5 horas em 1 semana). A chave é a repetição. Pode ser a meditação tradicional parada que foca na respiração ou a em movimento que é o caso da yoga, tai-chi-chuan ou chi-kung.
Como podemos falar de felicidade para quem vive na pobreza e não possui as suas necessidades básicas atendidas?
Resposta Tal Ben Shahar: A primeira coisa a ser feito é acabar com a pobreza, pois o que eles precisam é de comida na mesa. Isso é bem abordado na pirâmide de Maslow que trata da hierarquia das necessidades. Primeiro é importante satisfazer as necessidades básicas, para somente depois trabalhar os elementos do SPIRE.
Mais ressalto que aumentar a quantidade de dinheiro, após atender as necessidades básicas, não necessariamente aumentará a satisfação dos outros níveis da pirâmide.
Como o modelo SPIRE pode ajudar as pessoas nestes momentos difíceis?
Resposta Tal Ben Shahar: Muitas pessoas neste momento estão muito preocupadas com os seus empregos, em perdê-los e não ter possibilidade de sustentar a família. É uma preocupação real, porém, utilizar o modelo SPIRE, mesmo sendo desafiador, pode ajudar. Pois o mínimo de ações que a pessoa consiga implementar no seu dia a dia irá impactar no seu estado e como ela irá lidar com esses momentos. Amizade também ajuda bastante. O mínimo que se conseguir é melhor que nada.
É preciso começar com o autocuidado.
Como praticar o autocuidado
Resposta Tal Ben Shahar: Ao voarmos a primeira orientação que recebemos é que caso necessário primeiro utilizemos a máscara para depois ajudar outra pessoa. A forma para ajudar os outros começa pelo autocuidado:
1. Tirar um tempo para você
2. Perseguir paixões, o que tem significado e propósito para você (Bem estar espiritual)
3. Fazer exercício físico (Bem estar físico)
4. Aprender coisas novas. Exercitar diferentes partes do nosso cérebro. Aprender novas habilidades, dançar… Quando aprendemos coisas novas nos dá esperança. (Bem estar intelectual)
5. Estar com pessoas que ama (bem estar relacional)
6. Criar o hábito de à noite escrever do que é grato (bem estar emocional)
Como garantir propósito dentro de casa?
Resposta Tal Ben Shahar: Os relacionamentos neste período de confinamento são desafiadores.
1. Precisamos de um tempo sozinho de silêncio.
2. Precisamos de um tempo onde todos estejam juntos (jantar, filme, leitura…)
3. Precisamos escutar e ser escutado
4. Precisamos ter humor – rir, assistir comédia…
Não existe solução mágica. A chave é nos conscientizarmos e aceitar que estamos passando por um período desafiador.
Como falamos para pessoas que não acreditam em estudos da Felicidade?
Resposta Tal Ben Shahar: É difícil ajudar a nós mesmos e ainda mais a quem não quer ser ajudado. A melhor dica é compartilhar as experiências que consideramos que nos trazem felicidade. Não é falar sobre, mas sim agir. Se queremos influenciar outras pessoas é importante agir pelo exemplo e dar oportunidade para que elas vivenciem e sintam o reflexo destas ações em suas vidas.
Minha contribuição – Cláudia Almeida
Ao assistir a entrevista e preparar este artigo, optei em dar a minha contribuição por meio da disponibilização de 02 exercícios que contribuem para aumentar o nosso nível de consciência:
1. Existe um modelo utilizado em processo de coaching que é a Roda da Vida, onde fazemos uma autoanálise para avaliar como estamos em diferentes aspectos de nossa vida. E identificarmos quais queremos priorizar neste momento.
Disponibilizarei um arquivo com o exercício e com as explicações necessárias para que, quem quiser, possa fazer.
2. Um outro exercício que acho bem interessante para quem está iniciando nesta jornada de autoconhecimento é o teste de forças de caráter. Segundo Martin Seligman, um dos precursores da Psicologia Positiva, possuímos 24 forças pessoais, onde as 05 primeiras podem ser consideradas nossas maiores forças.
Quando falamos de forças pessoais ou pontos fortes, falamos de qualidades que lhes são mais naturais. Conhecendo os seus pontos fortes, saberão quais são as suas características que poderão lhes ajudar a passar por este momento de confinamento, a como agir em determinadas situações e os auxiliarão nas tomadas de decisões.
Conhecer nossas forças nos enche de coragem para seguirmos adiante….
Caso queiram conhecer quais são os suas, o site www.viame.org disponibiliza este teste gratuitamente.
3. Como complemento deixarei aqui uma dica de 02 livros que também falam sobre pontos fortes e disponibilizam um código no final do livro para a realização de um teste.
Podemos transformar a crise em oportunidade e pôr em prática os nossos potenciais.
Cláudia Almeida
